Páginas

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Querem Lágrimas, Sangue e Suor

                         Querem que você morra,
                         que manifeste sua dor através do choro,
                         só assim, acreditam em seu sofrimento,
                          
                         Querem que você se cale
                         que seja usado e tenha medo de gritar
                         só assim continuará sendo fantoche nas mãos dos exploradores
                             
                         Querem que você leve porrada,
                         que seja saco de pancadas das desigualdades
                         só assim continuarão no poder, enquanto outros padecem
                             
                         Querem que você cometa suicídio,
                         que acabe com sua própria vida
                         só assim poupará o trabalho de que outros continuem acabando com sua vida
                              
                         Querem que você enlouqueça,
                         que viva num inferno chamado "mundo" e todas as suas frustrações
                         só enlouquecendo, você não terá como lutar contra os dragões que vomitam sua 
                         ganância e sede pelo teu suor

                         Querem que você não se revolte contra o patriarcado,
                         que continue sendo oprimida, abusada e saco de pancadas do machismo,
                         que fere e mata todos os dias sem dó, enraizado e regado para que você mulher,            
                         continue a padecer
                         Enquanto você ri das telenovelas , dizendo"Me serve, vadia!"
                         Alguém implora pra viver!




Ps: É de minha autoria

sábado, 21 de julho de 2012

Refletindo sobre os poços.

            Um dos meus autores preferidos é Caio Fernando Abreu, li quase toda a sua obra e me identifico com a mesma. Seus textos são fortes, intensos e capazes de tocar fundo. Me identifiquei com várias dores do mesmo e com frequência me vejo vivendo alguns contos. Até que gosto da popularização de sua literatura, apesar de por vezes me chatear com textos que leio por aí como se fossem dele e não são, mas consigo conviver com isto. Fico feliz por um autor tão talentoso ser reconhecido e pelo fato das pessoas o lerem, nem que seja uma frase em alguma rede social. O importante para mim sempre foi e será enquanto vida eu tiver que as pessoas leiam, não sou fã de uma visão "escrota" que por vezes enxergo em algumas pessoas, onde só um tipo determinado de público pode ler ou admirar determinado tipo de texto. Não importa se é um rótulo de algum produto ou até mesmo um simples verso ou conto, me alegra de verdade o poder da leitura e saber da possibilidade de ajudar alguém a obtê-lo, este é um dos motivos pelo qual optei seguir na carreira de letras e meu sonho é lecionar.
            Sobre me pegar vivendo alguns contos dele, semana passada pensando na vida, e na fase difícil que enfrento, pensei no conto "Os poços" do livro " O ovo apunhalado " ( que inclusive ganhei, de uma amiga muito especial). Minha cabeça foi longe, comecei a pensar no conto inteiro e pensar que o fim deste poço, se é que ele existe, não pode ser tão ruim assim e que de alguma forma, Caio deve ter descoberto o que vai além do mesmo.
           A  minha visão de morte, é de encantamento, não um fim. Acredito que o espiritismo acabou com uns medos desnecessários que eu tinha e me fez entender muito sobre a dor carregada e vários momentos começaram a fazer sentido e ser de fato necessários, por mais dor que possam causar. O conto que me refiro, não me larga e fico pensando em algum dia descobrir o que tem por lá, já descobri que o poço começa na vida e não sei se ele tem um fim. Meu texto não faz muito sentido (na verdade não deve fazer sentido algum para você, né?!) mas precisava compartilhar minhas reflexões sobre o famoso poço.Imagina se um dia você se deparar com o mesmo e resolver encará-lo, resolver se jogar sem medo e descobrir que na verdade ele não possui um fim e o caminho pode ser lindo! Se a vida for um poço? Se a morte for um poço? Se cada pessoa que passa pela sua vida for uma espécie de poço? 
Agora compartilho com vocês um trecho:




"Primeiro você cai num poço. Mas não é ruim cair num poço assim de repente? No começo é. Mas você logo começa a curtir as pedras do poço. O limo do poço.A umidade do poço. A água do poço. A terra do poço. O cheiro do poço. O poçodo poço. Mas não é ruim a  gente ir entrando nos poços dos poços sem fim? Agente não sente medo? A gente sente um pouco de medo mas não dói. A gentenão morre? A gente morre um pouco em cada poço. E não dói? Morrer não dói.Morrer é entrar noutra. E depois: no fundo do poço do poço do poço do poço você vai descobrir quê ..."

Nos poços - Caio Fernando Abreu
Livro: O ovo apunhalado





       

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Asas de Frida

"Para que preciso de pés se tenho asas para voar?"

( Frida teve a perna direita amputada na altura do joelho, eu seu diário encontraram um desenho de sua perna amputada com uma coluna de espinhos, com a frase acima).


OBS: Não sei se a imagem acima é a mesma do diário.

Saco de pancadas do machismo, até quando?!

      Faz tempo que ando querendo escrever sobre violência contra a mulher. Desde que me entendo por gente, sou feminista e tive uma criação que abomina qualquer tipo de violência, principalmente contra mulheres. Lembro que desde criança, nunca presenciei violência em minha casa, mas meu avô paterno foi assassinado tentando proteger uma sobrinha que era vítima das atrocidades de um marido. Nada justifica violência e as vítimas precisam de apoio em casa, e fora dela para que não se calem e denunciem os agressores. A violência vai desde um soco, até o estupro, e até um beijo contra a vontade é estupro.
       As leis que nos protegem são avanços, mas é necessário que se continue lutando para que a violência acabe e que as mesmas funcionem. É comum ver casos onde mulheres pediram proteção, fizeram vários boletins de ocorrência e no final, as mesmas acabaram mortas pelos parceiros. O apoio da família é de suma importância, digo isso por experiência própria! E a sociedade precisa parar de condenar as vítimas, e se libertar do senso comum que desde que somos pequenas, nos dizem que devemos prevenir estupro e agressão física, quando na verdade deveria ser ensinado aos homens a não violentarem. As pressões sociais, nos tornam culpadas e não vítimas e assim dão aval para que os abusos continuem. É preciso lutar, não ter medo de denunciar, não só se acontecer com você, mas até mesmo se souber de algum caso de violência contra a mulher, você pode denunciar mesmo não sendo a vítima. Lembrando que sou leiga quanto à leis e por isso não me aprofundei muito no assunto e não me encontro em condições de escrever mais sobre o mesmo, não estou num dos melhores momentos da minha vida e me encontro vivendo um inferno que sempre lutei contra, mas que no fim tudo isso me dará mais força para continuar na luta feminista.
       Não podemos permitir que ninguém continue saco de pancadas do machismo, chega de violência, chega de impunidade. Precisamos da nossa liberdade e saibam que nada neste mundo justifica violência. O único e verdadeiro culpado de qualquer tipo de abuso é quem o faz e jamais a vítima. Termino a postagem com o trecho de uma música de Gabriel o Pensador, que estava ouvindo por estes dias e me chamou a atenção:

" ... Machão frustrado que se esquece que o tempo das cavernas já passou,
     e bate na família quando nem deveria bater com uma flor,
     na mulher, nas crianças mostrando toda autoridade
     de um homem primata, com seu machismo covarde."



   

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Um pouco de Frida...

"Acho que é melhor nos separarmos e eu ir tocar minha música em outro lugar com todos os meus preconceitos burgueses de fidelidade."     Frida Kahlo





Coragem de dizer

   O fato é que estou passando, sem dúvidas um dos piores momentos da minha vida e a saída, os mais próximos sabem, é escrever. Tenho tentando todos os dias passar para o papel meus pensamentos, aflições e raros momentos de alegria. Tenho como principal objetivo com este blog, não me calar, ter coragem de dizer e de alguma forma tocar alguém com algum pensamento ou até mesmo algumas poesias que fiz mas nunca deixei ninguém ler. Sempre tive a necessidade de escrever, de gritar através de um simples verso até mesmo alguns rascunhos de contos que passei a vida fazendo. Espero de coração que toda a tempestade passe e que cada vez mais, só os seres humanos realmente necessários permaneçam em minha vida e que eu possa continuar me expressando com as palavras, que por tantas vezes foram minhas melhores amigas e companheiras a todo momento. Já adianto que o nome ainda não é definitivo, mas até que está com o nome de uma das pessoas que mais admiro na vida pela arte e pela história de vida, a pintora mexicana FRIDA KAHLO.

" É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer. "

Rondó da Liberdade (Carlos Marighella, 1939)